Comunicado
Movimento Cívico pela
Linha do Corgo
Pedro Passos Coelho, cabeça de lista por Vila Real nas
últimas eleições legislativas, ex Presidente da Assembleia Municipal de Vila
Real, e actual Primeiro-Ministro de Portugal, defendeu em Maio do corrente ano,
volvidos 2 anos e 2 meses sobre o abrupto encerramento do troço Régua – Vila
Real da Linha do Corgo, o seguinte:
Quando a linha (do Corgo) foi encerrada à circulação, o
Governo assumiu que era temporariamente. A verdade é que o tempo vai passando e
o Governo faz o facto consumado de vir dizer agora, como estamos em grandes
dificuldades financeiras, que já não se poder fazer a remodelação que estava
prevista.
Ora isso não pode ser. Nós precisamos de ter
investimento de mais proximidade que crie mais emprego e seja mais produtivo e
investir menos em coisas onde se fizeram mal as contas e que vão provocar
prejuízos de milhões e milhões de euros que nos vão custar muito a pagar nos
próximos anos.
Em Outubro do mesmo ano, apenas 5 meses após estas
palavras, um Ministro do seu executivo anuncia o encerramento definitivo da
Linha do Corgo, sem apelo nem agravo, em nome de um equilíbrio de contas
ferroviárias tentado sempre à custa do encerramento de vias-férreas como a do
Corgo, e sempre com resultados desastrosos.
Sublinhamos que em 1992, último ano da hecatombe
ferroviária promovida por Cavaco Silva, na qual foram encerrados 900 km de
vias-férreas em apenas 5 anos, também à época apelidadas de “altamente
deficitárias”, o défice da CP era de 178 milhões de euros, buraco o qual em
2008 já tinha aumentado 143% para 433 milhões de euros. No mesmo período de
tempo, 11 mil ferroviários cessaram as suas funções, e os custos com
administração cresceram 110%, enquanto a política de horários desajustados
prosseguiu, juntamente com o encerramento de dezenas de estações e um
investimento na manutenção da via cada vez menor.
Em 2010 a REFER deu-se ainda ao luxo de gastar 67 milhões
de euros na Variante da Trofa, percurso inteiramente novo da Linha do Minho,
com apenas 3 km de extensão (22 milhões de euros por quilómetro!!!), por
inteiro capricho de um ex autarca da Trofa, dado este não desejar a Linha do
Minho dentro desta localidade. O que sobeja para capricho de uns, daria para
reabrir a Linha do Corgo entre a Régua e Vila Real, pelas contas da própria
REFER, TRÊS VEZES!
A farsa de 30 anos de que só encerrando as ditas “vias
secundárias” será possível equilibrar as contas das empresas públicas
ferroviárias valeram a Portugal a incrível posição de único país da Europa
Ocidental a perder passageiros nos últimos 20 anos, quando os horários,
serviços e a própria manutenção destas mesmas vias se reduzem a mínimos e
esquemas abusivos e insultuosos, raiando mesmo o criminosos.
Não podemos continuar a compactuar com esta abjecta
aldrabice, que atirou Trás-os-Montes e Alto Douro quase em exclusivo para os
braços mortais da rodovia, estrangulando o desenvolvimento regional e hipotecando
o seu futuro, sem outro tipo de alternativas de escoamento de produtos e
movimentação dos seus habitantes e visitantes, entre os quais se contam
inúmeros cidadãos desfavorecidos, naquela que foi considerada no ano transacto
a região mais pobre de toda a União Europeia. Com uma A24 portajada, uma viagem
da Régua a Chaves (73 km em auto-estrada) só em portagens ficará por € 6,40
(uma viagem na A1 entre Alverca e Torres Novas, de 82 km de comprimento, custa
em portagens € 5,65, tornando as portagens da A24 um autêntico saque aos
trasmontanos), o que de comboio custaria à volta de € 8,20. No entanto, € 8,50
é o que um automóvel a gasolina gastará em combustível para ir da estação da
Régua à de Chaves (consumo de 6,5 litros aos 100 km, gasolina a € 1,50 o litro),
num percurso de 87 km (menos 9 km apenas do que o mesmo percurso pela Linha do
Corgo), fazendo com que este trajecto custe no total e para este exemplo uns
proibitivos € 14,15, contra € 8,20 de um bilhete inteiro em tarifa Regional
para o comboio – em termos de passe mensal a diferença por viagem é ainda mais
significativa.
Já os custos para o transporte de mercadorias,
principalmente aquelas que enfrentarão pela Europa a fora tarifas ecológicas
nas auto-estradas, e com o contínuo aumento do preço dos combustíveis, o
sentido único promovido em Portugal para a rodovia será uma autêntica sentença
de morte para várias empresas e uma bomba relógio para a Economia.
Desta forma, o MCLC convida todos os trasmontanos mas
também todos os portugueses a unirem a sua voz de descontentamento contra o
falacioso encerramento da Linha do Corgo! Aceda à PETIÇÃO PELA LINHA DO CORGO
em http://peticaopublica.com/PeticaoVer.aspx?pi=P2011N15067,
ou através do site do MCLC em http://linhaferroviariadocorgo.wordpress.com/.
Todos juntos não seremos demais!
Vila Real, 12 de Outubro de 2011.
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Movimento Cívico pela Linha do
Corgo
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